segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Blog Humberto de Almeida

Texto do blog de Humberto de Almeida (http://humbertodealmeida.com.br)
 
Todas às vezes que Lula, o metalúrgico, foi candidato à presidência da república votei nele.

   A todos que me perguntavam, sem medo de se feliz, respondia que votei porque gostaria de ver Lula-lá.
Lembro-me da primeira vez em que nele votei . Ao sair da cabine de votação, sentindo que o mar não estava pra gente, quase chorei. Fui à praia ver o mar. Sentei-me num banquinho daquele calçadão ainda calçadinha e, sem lembrar o Paulo Coelho, acho mesmo que chorei...
Passei um bom tempo sonhando com o dia em que um sujeito como eu, apesar de algumas péssimas companhias suas - do Lula - chegasse à presidência do verde-amarelo. Era tempo indecisão entre o medo e a esperança. Nem tudo estava perdido. Dizia para o meus tristes botões de carne e osso.
Eis que de repente, mais que de repente, naquela dúvida entre o medo e a esperança, passa em minha frente uma camioneta devagagarzinho, quase parando, carregando uma faixa onde estava escrito “Tem nada não! Na próxima a gente chega da lá!” Era o otimismo público dos que acreditavam que um dia estariam lá. Um dia a gente chega lá. Chegou.
Hoje, depois de a esperança ter enterrando o medo, embora digam por aí que na política até boi gordo é capaz de voar tão alto quanto um condor, me deparo na primeira página do jornal com a foto do ex-presidente e metalúrgico em que votei um dia somente sorriso e apertando a mão de Paulo Maluf como se fossem dois velhos amigos.
Não preciso entrar no mérito dessa aproximação. Os meus dois leitores são inteligentes. Sabem tão bem quanto este sujeito meio burro para entender certas coisas e burro e meio para entender as coisas certas deles o motivo da espúria aproximação. Um minuto e trinta e cinco segundos a mais no Horário Eleitoral de graça - nunca se viu tanta palhaçada - para novas mentiras. Não estou arrependido (anda) de ter votado no metalúrgico. Era a melhor das opção. Mas que ando caindo pelas tabelas de vergonha, morrendo de vergonha, isso pode ter certeza.
Em tempo: Mais triste ainda. Foi Maluf quem deu as cartas: só aceitaria fazer a aliança para apoiar o seu candidato - Fernando Haddad - se ele, Lula, fosse até a casa dele. Lula foi. Vocês estão vendo o Lula-lá...
 

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