O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), é investigado pelo TJ-SP (Tribunal
de Justiça de São Paulo) por eventual crime de formação de quadrilha e coação,
por ameaça contra um promotor e uma juíza do Grande ABC. Além do petista, o
TJ-SP apura envolvimento do assessor de Gabinete de Marinho, José Albino (PT),
do vereador Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT-Diadema), do parlamentar
Marcelo Lima (PPS-São Bernardo) e Ricardo Silva Rodrigues, ex-assessor do
popular-socialista.
A investigação decorre
de denúncia anônima feita no dia 27 de dezembro à Secretaria Estadual de
Segurança, afirmando que Marinho, Albino, Maninho e Ricardo articulavam ameaça a
promotor e juíza no dia 18 de janeiro - Marcelo Lima foi arrolado pela ligação
com o ex-assessor, mas seu nome foi grafado errado no processo. A denúncia deu
detalhes de como seria a ação, citando números dos telefones dos suspeitos e
quais armas seriam utilizadas.
No dia 28 de dezembro,
o SIG (Setor de Investigações Gerais) da Polícia Civil de Santo André determinou
a abertura de inquérito para apurar as acusações de ameaça contra o promotor e a
juíza, que trabalharam no processo da Estrada do Montanhão, que corre na Justiça
há 20 anos. "Foi instaurado inquérito na nossa delegacia. Posteriormente, foi
remetido ao Tribunal de Justiça e não temos mais acesso ao inquérito, até que
seja remetido à nossa delegacia", afirmou o delegado Gilmar Camargo Bessa,
titular do SIG.
A trilha inicial da
investigação policial foi confirmar se os telefones fornecidos na denúncia
anônima pertenciam aos acusados. No dia 29 de dezembro, policiais contataram os
suspeitos. "Alguns policiais de São Bernardo estiveram na minha casa, falando de
um telefone no meu endereço que estava fazendo ameaça não sei para quem. E
citaram o nome de uma pessoa chamada Ricardo Silva Rodrigues. Não conheço, não é
parente ou amigo", disse Maninho, que negou envolvimento no caso.
Após as primeiras
análises, o inquérito foi remetido ao TJ-SP, pois o prefeito tem foro
privilegiado para ser investigado diretamente em segunda instância. Em São
Paulo, o caso ficou nas mãos do desembargador Fábio Gouvêa, da 10ª Câmara de
Direito Criminal, no Fórum João Mendes. O processo foi enquadrado na lei de
crimes de responsabilidade com assunto: ‘apurar eventual crime de formação de
quadrilha e coação no curso do processo'.
Nesta semana, Gouvêa
pediu o retorno do caso à 3ª Vara Criminal de Santo André. Segundo o TJ-SP, o
processo pode voltar às mãos do relator, para novos encaminhamentos. Não há data
para o encerramento das investigações judiciais. O delegado Gilmar Camargo Bessa
afirmou também aguardar a recondução da apuração ao SIG.
Na trilha de 2014
- Prefeito em primeiro
mandato, Marinho já foi ministro do Trabalho e da Previdência Social no governo
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O chefe do Executivo de São
Bernardo é afilhado político de Lula, brigará pela reeleição ao Paço em outubro
e é cotado para ser o candidato do PT ao governo do Estado em 2014. Ele também é
o principal articulador político do PT no Grande ABC, garantindo, por exemplo,
apoio do PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, às candidaturas
petistas. Procurada por dois dias, a Prefeitura de São Bernardo não quis se
manifestar sobre o assunto